terça-feira, 9 de julho de 2013

Falta de médico no interior da Bahia é confirmada indiretamente pelo Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (CREMEB).

A Bahia possui 18.299 médicos com inscrição ativa no Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (CREMEB), entre eles, 10.759, cerca de 60%, atuam em Salvador, de acordo com dados de 2012 informados nesta terça-feira (9) pela entidade. Do total, cerca de 65% presta serviço ao SUS na capital e no interior, aponta a pesquisa Demografia Médica no Brasil, realizada este ano e divulgada pelo Conselho.
De acordo com o estudo, o aumento no número de médicos no estado foi mais que o dobro do crescimento populacional da Bahia nos últimos 10 anos. Entidades médicas admitem que há má distribuição dos profissionais no estado, já que a maior parte se concentra na capital, apesar da proporção de 1,25 médico para cada mil habitantes, considerada dentro da média nacional, conforme informou a Secretaria de Saúde da Bahia (SESAB).

Proposta do Governo Federal

Nesta quarta-feira (9), entidades médicas baianas convocaram a imprensa e se posicionaram contra o programa 'Mais Médicos', anunciado pela presidente Dilma na segunda-feira (8). Entre as medidas previstas no programa, estão a vinda de médicos do exterior, serviço obrigatório de médicos recém-formados no SUS e abertura de postos de trabalho em áreas mal atendidas, como cidades do interior e periferias de grandes centros urbanos.
“Não podemos ir para o interior apenas com o nosso estetoscópio, termômetro e aparelho de pressão. Isso na década de 60 ou 70 funcionava, mas hoje não. O médico não resolve problema nenhum se não tiver as condições para isso", declarou o presidente do CREMEB, José Abelardo Meneses, em entrevista coletiva na sede da entidade. Também estiveram presentes representantes do Sindicato dos Médicos (SINDIMED) e da Associação Baiana de Médicos (ABM).
No encontro, as medidas que serão adotadas pelo Governo Federal foram duramente criticadas pelos representantes, que condenaram a falta de infraestrutura para o serviço médico como o principal problema da saúde pública no país. “O problema não é a falta de médico, é a falta de respeito com a saúde pública", afirmou Antônio Carlos Lopes, presidente da ABM.
 
Mesmo com a bolsa de R$ 10 mil que os médicos incluídos no programa vão receber, a questão apontada pelos médicos são as condições de trabalho. "É mais um programa inexequível do Governo Federal porque não deixa claro como será a manutenção do médico no interior. O que mais interessa neste momento não é tão e somente a remuneração”, diz o presidente do CREMEB, que pede por melhorias de gestão nas unidades públicas, equipes multiprofissionais e melhoria em infraestrutura. O presidente do Conselho ainda classifica a medida do Governo Federal como "demagógica, eleitoreira, irresponsável e inconsequente".
Nove universidades baianas oferecem o curso de medicina, e outras três instituições estão em processo de implantação do curso. Em média, se formam entre 500 e 600 médicos na Bahia a cada ano.
José Abelardo Meneses, do CREMEB, elogiou a lei estadual, sancionada pelo governador Jaques Wagner em agosto, que institui progressão de carreira dos médicos que prestam serviço à saúde pública da Bahia, com qualificação profissional e recuperação dos valores das aposentadorias com reajuste de até 200%, além dos ganhos reais que podem chegar a até 32%. A implantação de um plano de carreira no SUS é uma das pautas nacionais de manifestação da categoria médica.

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