quinta-feira, 3 de julho de 2014

Por João Justiniano da Fonseca, Escritor, Poeta, Historiador, ex-prefeito do município de Rodelas/BA



Em 1962 criam-se os municípios de Rodelas e Macururé, desmembrados do velho Município de Glória, antigo Curral dos Bois nascido com a colonização do Velho Chico pelos Ávilas. Estes ganham como brinde de amizade, porque eram os nobres descentes do velho Garcia D Ávida uma sesmaria que tinha como base a primeira cachoeira, que se denominaria logo mais de Itaparica, daí descendo até onde houvesse povoação (povoação, portuguesa entendamos), e isto vinha dar-se à foz do Rio Xingó. Subindo rio acima a partir da cachoeira até a última aldeia dos caririguaçu, onde era então a foz do Rio Salitre. Entendido os dois lados do rio e as ilhas. Era um presente de pai para filho. Não é sem razão que alguns dos cronistas do passado aos quais, quinhentos anos depois me incorporo, alvitraram que o criado Garcia D Ávila não era apenas criado, mas filho do Tomé de Sousa (Há outras razões para o juízo). Nunca se falou dos ascendestes deste Garcia.

Antes da concessão da sesmaria, Moréia, descendente de Caramuru/Catarina Paraguaçu recebera autorização do representante da coroa para pesquisar ouro entre Geremoabo e Jacobina, subindo até o Rio Salitre. Moréia foi bisavô de Francisco Dias de Ávila, a cujos descendes fora concedida a sesmaria de Itaparica. Então aí se emendavam as duas concessões e tudo viria a pertencer aos Ávilas a partir do segundo García D Ávila, bisneto do primeiro. Era o Sertão de Rodelas ampliando-se. Autorizada a “guerra justa” pelos representes da coroa para matar índios e tomar-lhes as terras veio o sangue derramado do Sobradinho até Remanso, rio acima, Piauí a fora pelos catingais até alcançar terras do Rio Grade do Norte. Não era o roubo apenas, era uma barbaridade. Os índios Rodelas, acompanhados pelo padre Nantes guerrearam seus irmãos. E foram tão valentes, tão famosos se fizeram que por muito tempo essa área se denominou sertão de Rodelas.

O sertão do São Francisco, salvo vários interregnos sempre foi castigado. Vem agora, cerca de quatrocentos anos depois de iniciada ali a catequização e a chamada colonização, pau sobre um dos mais pobres municípios da Bahia – Rodelas. Querem como desculpas de reduzir-se o prejuízo territorial do município de Glória que ficou realmente diminuto em extensão territorial sacrificar Rodelas.  Não é por aí. Não é por aí, chamados para opinião ou decisão todos os municípios do Alto Nordeste São Franciscanos da Bahia, todos os prefeitos da Bahia inteira, a Assembléia Legislativa e o Executivo Estadual, não é por ai que se resolve esse diminuto problema. Não há erro nenhum na divisão territorial Rodelas Glória, nem Glória Macururé. A divisa dos dois novos municípios ficou exatamente onde era a divisa dos distritos. Se a Justiça for ouvida não dirá mais do que isto e atual divisão ficara intata. Querem ver? Tomem este  caminho.

O bicho começou com o nascimento e a emancipação de Paulo Afonso. Paulo Afonso não era mais do mato à beira da cachoeira de Itaparica, jurisdicionado pelo município de Gloria, incluído no seu primeiro distrito. Era pertinho, pertinho da sede. A povoação estava do outro lado do rioem Delmiro Gouveia, parece que anteriormente chamada Jatobá. Ao construírem as turbinas, o trabalho estava mais próximo da Bahia e aqui se fixaram os trabalhadores ou cossacos, como se diga. Não havia moradas. Não sei se havia alguma casa da fazenda. O certo e que se iniciou a povoação de operários, em barracos construídos com sacos vazios de cimento – laterais e cobertura. O cimento usado na obra era o Poti. E de Poti chamou-se a povoação – Vila Poti. Veio o soldado e precisou-se construir um quartel e a cadeia. Veio a professora e com esta a escola. Logo mais o arrecadador e a coletoria. O comércio e a loja, o armazém e a bodega, a farmácia.  A povoação ia crescendo sem que se percebesse. Em pouco estavam o juiz e o cartório. Ficou grande a povoação, sempre maior. Não havia como não se desdobrasse do velho município. Deu-se-lhe o nome de Paulo Afonso e fixou-se a divisa onde melhor pareceu aos líderes de então. Era muito perto e Glória ficou pequeninho. Talvez se pudesse estender para o centro no sentido de Geremoabo. Pegaria uma parte do Raso da Catarina, em cujo futuro, eu pessoalmente faço muita fé. A minha mente, sempre trabalhando o amanhã, vê a água do Tocantins lançada para as cabeceiras do Rio São Francisco e daí descendo a molhar o Nordeste intero até o Rio Grande do Norte. Vê a água subindo das entranhas da terra no Raso da Catarina para transformar em Oasis o deserto.
Pensem senhores administradores políticos, neste momento em ampliar Glória para o alto, para o Raso da Catarina e ponham força conjunta para que o Governo Federal leve suas máquina para perfurar o solo. Eu nasci ouvindo que o trabalho engrandece e que o sucesso é dos que pensam alto. Não diminuam um para crescer outro. Busquem novo espaço. Sejamos grandes de mente e espírito.
Enviado por Clemilton cunha       

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